quarta-feira, 28 de março de 2012

NOSSA HISTÓRIA - Mangueira 1933

A Mangueira foi bicampeã do carnaval em 1933 com o enredo "Uma segunda feira do Bonfim, na Ribeira". Um desfile que saltou aos olhos de quem acompanhava o segundo concurso das escolas de samba, sendo a comissão de frente a sua maior atração. A cobertura dos desfiles ficava à cargo de alguns jornais entre eles O Globo e  o Correio da Manhã, que publicou a seguinte nota:

"Trazendo à frente uma comissão vestida à rigor que pedia passagem para a escola apresentar o enredo, 'Uma segunda feira do Bonfim, na Ribeira', a escola de samba de Mangueira foi sem dúvida nenhuma, um sucesso"



Neste ano o compositor Carlos Cachaça além de ser autor de um dos sambas cantados pela escola (eram cantados até três sambas durante o desfile) também foi responsável pela descrição do enredo entregue à comissão julgadora e publicada no Diário Carioca.




Confira aqui a descrição do enredo:

  "O Bloco Carnavalesco Estação Primeira, com sede à Rua Saião Lobato no Morro da Mangueira, apresenta ao povo carioca o seu modesto enredo, que representa 'Uma segunda-feira no Bonfim, na Ribeira'.
  Abre o nosso préstito o painel com os dizeres: 'O Bloco Estação Primeira saúda e pede passagem'. O segundo painel é uma justa homenagem à imprensa carioca e está assim redigida: 'Salve a Imprensa'. O terceiro e último traz impresso, em letras garrafais, o nome do enredo em que os nossos diretores técnicos se basearam para confeccionar o nosso carnaval.
  Segue o Bloco do Arigofe, representado pela nossa primeira comissão de frente trajando rigor e cartola. Essa comissão trará o tradicional boneco Arigofe. A segunda comissão representa o Bloco do Bacurau, trajando branco com boné. O seu presidente trará o pássaro de bacurau.
  Dezesseis pastoras vestidas com pijamas de praia representam os seguintes blocos: Canários, Lira Chorosa, Batuta, Mandu Esperançoso, Xaréu, Farrista, Urubu-Rei, Os Estados e Manezinho Chorador.
  Uma pastora ricamente fantasiada de baiana empunhará o nosso pavilhão de 1933, em companhia do primeiro mestre-sala. Outra pastora fantasiada de baiana, cujas cores da fantasia são as da bandeira baiana, representa esse florescente estado, empunhando a flâmula baiana, empunhará a nossa flâmula 'Campeã de 1932'.
  Quarenta pastoras, sustentando ricas baianas, representam: manguzá, canjica, vatapá, caruru, sarapatel, feijoada, efó, xinxim, mocotó, maniçoba, peixe assado, muqueca, acarajé, acaçá, pamonha, aberém, carimam, abacaxi, melância, uvas, peras, maçã, bananas, cajus e vários doces próprios das doceiras.
  Cinquenta pastoras, com a mesma indumentária, trarão troféus representando as favoritas que vão assistir às festas da Ribeira. Cinquenta rapazes pertencentes ao corpo coral, trajando jaquetão com as cores do bloco e calças brancas que representam os músicos das festas do bonfim na Ribeira.
  A diretoria penhoradamente agradece muito ao que têm feito em prol do nosso bloco os senhores Carlos moreira, diretores técnicos, e seus dedicados auxiliares. Saturnino Gonçalves, Valdemiro de Almeida Nascimento, Arlindo Maximiano, Francisco Ribeiro, o comércio e moradores da localidade."

Colocamos a descrição do enredo na íntegra, afim de mostrar como a comissão de frente se inseria naquele modelo inicial dos desfiles. Pode-se perceber que neste ano a Estação Primeira decidiu pelo uso de DUAS comissões de frente. Naquela época as escolas podiam não só trazer duas comissões como também mexer no posicionamento delas no desfile. Algumas podiam vir atrás do pede passagem ou do abre alas.

FONTE: "Escolas de Samba do rio de Janeiro" de Sérgio Cabral

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