sexta-feira, 29 de junho de 2012

COREÓGRAFOS - com Handerson Lopes (o Big)



O nosso homenageado tem muita história para contar. Handerson Lopes, o "Big", é uma das figuras mais conhecidas do carnaval carioca e um dos mais importantes componentes de comissões de frente.

Big começou no carnaval ainda criança e fez parte do premiado grupo do coreógrafo Fábio de Mello na Imperatriz. No carnaval carioca já foi componente e coreógrafo de comissões de frente, coreógrafo de alegorias e alas e até carnavalesco pela Unidos da Ponte em 2007.

Então, é com muito orgulho que vamos contar um pouco de sua trajetória. O bate papo você confere a seguir:




CF - Você é uma dessas pessoas que a gente encontra na rua e imediatamente associa ao carnaval. Quando e como foi o início deste namoro que se tornou casamento com as Escolas de Samba?

- Foi bem criança mesmo! Eu tinha 9 anos quando comecei a desfilar em escolas de samba! Quem me apresentou esse universo foi meu falecido pai, o "BOLA" que era diretor de Harmonia. Comecei desfilando pela İmperatriz Leopoldinense na ala de crianças, isso em 1985! Muito tempo não! (risos). Aí depois fui desfilando em outras escolas, ora em ala das crianças como foi na Tradição e na Unidos da Ponte, ora em ala com meus pais como foi no Arranco e na Unidos de Lucas. Mas lembrando que na İmperatriz sempre!

 CF - Você fez parte daquele grupo histórico comandado pelo Fábio de Mello na Imperatriz. Quais foram os anos em que você esteve no grupo? Conte um pouco como foi essa experiência.

- Minha entrada nesta comissão foi algo bem inusitado digamos. Na época em que ela estava sendo formada, eu só fiquei sabendo depois das primeiras audições na quadra! Um diretor informou pro meu pai que estavam precisando de componentes altos para desfilar na comissão de frente, daí fui procucar o Fábio (bem pelos anos de convivência não dá pra tratá-lo aqui formalmente! Mas o Fábio que me refiro é o Fábio de Mello! rs). Quando cheguei lá ele me informou que o grupo já estava fechado e que as vagas para suplentes estavam definidas, mas como eu era componente da escola e meu pai sendo diretor, eu poderia ir de vez em quando ir aos ensaios e quem sabe não poderia vir a ser suplente. Portanto deu para perceber que nesse grupo eu comecei como "suplente dos suplentes"!!!! (risos). Então, todos os dias de ensaios lá estava eu! E isso se estendeu até janeiro quando fui oficializado como um dos 15 componentes. Naquele ano, o carnaval de 1992 foi em março, então com apenas 16 anos eu entrei para o grupo que se tornaria um dos mais famosos e premiados do carnaval. Eu permaneci até 2007 quando o grupo, junto com o Fábio transferiram-se para a Mocidade. Nesses 15 anos e 16 carnavais fiz grandes amigos, perdi um - em 1996 um componente foi assassinado. Nosso desfile e estandarte de ouro de 1997, o terceiro da nossa carreira, foi dedicado a ele. Apenas em 1999 eu não desfilei pois por questões religiosas - me iniciei no candomblé em janeiro do mesmo ano - estava de resguardo, mas torci pela tv! (risos). Me considero campeão também daquele ano, só estava no banco! (risos).

CF - A comissão da Imperatriz lhe proporcionou algumas viagens internacionais. Como foi a receptividade deles?

- Isso eu não me canso de dizer: Se comecei a conhecer o mundo, isso quem me proporcionou foi Imperatriz Leopoldinense pelo fato de ser da comissão de frente. Desde a época de escola conhecer a França era um dos meus desejos e ele foi realizado em 1996 quando um grupo de 80 pessoas da escola foi convidado a participar da Bienal de Dança de Lyon. Depois dessa viagem ainda vieram outras como a de 1997 para Mônaco; essa foi por convite do grande mestre e ídolo Joãosinho 30 que na ocasião estava na Viradouro! Participei das festividades dos 700 anos da dinastia Grimaldi de Mônaco. Em 2004, novamente com a Imperatriz estive na Dinamarca por conta do enredo que homenageava o escritor dınamarquês Hans Christian Anderssen. Em todos esses lugares fomos super bem recebidos, até porque o carnaval brasileiro, especificamente as escolas de samba e seus elementos fascinam bastante.

CF- Você tem um afeto maior ou uma preferência por alguma daquelas apresentações?

- Tenho por todas um carinho especial porque as ocasiões eram distintas. Em 1996 era a primeira viagem, em 1997 eu estava lado a lado com um grande gênio do carnaval e em 2004 era interessante porque realizávamos paradas estilo Disney no Tivoly Parque.

CF - Você foi componente da comissão de alguma outra escola?

- Não! Mas tinha entrada em todas caso quisesse, sempre fui muito querido e bem relacionado! O fato de não ter desfilado em outras comissões acredito que se deu por já ter começado a desfilar na minha escola de coração. Geralmente os processos são inversos, muitos desfilam em várias até chegarem na sua de coração!

CF - Sabemos que muitos componentes quando se “aposentam” das comissões, acabam ocupando outros cargos nas escolas. Você se tornou coreógrafo... Como isso aconteceu?

- Foi naturalmente, o fato de ter tido o Fábio como coreógrafo foi muito importante, já que ter participado de suas comissões me fez entender o que é o quesito e também ter noção dos efeitos que os desenhos coreográficos causam na avenida. O Fábio é muito bom nisso! Nós sempre comentávamos essa visão do todo que ele tem, às vezes um movimento que para nós era simples ou até bobo, no final de tudo com fantasia e adereço se tornava algo grandioso. Revejam a comissão de 2002, por exemplo. (Veja post com suas comissões na Imperatriz))

Eu fui absorvendo tudo isso até que em 2004, Milton Cunha que na ocasião estava na São Clemente, me chamou para coreografar um grupo de 11 pessoas que traziam nas mãos escudos que juntos formavam o nome da escola e vinham logo após a comissão de frente, portanto num lugar destacado, era quase que como uma "segunda" comissão de frente. Depois disso, em 2005, por contato de um amigo, Tito Jorge que trabalhava com um diretor da Unidos da Ponte, fui levado à presença do senhor Edson Tessier, o então presidente e assim assumi a comissão de frente da escola. Na minha estréia fui premiado com o Samba Net de melhor comissão de frente do grupo B. Daí em diante os anos se seguiram e eu fui me afirmando nessa posição. Confesso que para mim, não vir diretamente da dança propriamente dita, ou seja, não ser bailarino como a maioria dos coreógrafos, me torna um pouco especial! Sirvo como exemplo para outros componentes que queiram seguir esse caminho. Nessa minha trajetória já acumulei 3 Sambas Nets e dois Jorges Lafonds.

Até 2007 eu só tinha coreografado comissões do grupo de acesso B e em 2008 fiz minha estreia no badalado grupo de acesso A, na União da Ilha que na ocasião reeditava o seu samba mais famoso e gravado por muitos cantores, o "É Hoje". Tenho um enorme orgulho de ter coreografado a comissão deste ano! Depois disso passei pela Estácio de Sá e İmpério Serrano. respectivamente 2009/2010 e 2011.

CF - Até que ponto o fato de já ter sido componente interfere na sua criação?

- Eu consigo entender melhor meu componente e perceber os limites deles! Também posso ajudar em relação a adequações da fantasia e adereços. Até porque as vezes alguns carnavalescos esquecem que a comissão de frente vai se vestir horas antes do desfile, dançar durante um tempo e às vezes carregar adereços que depois de um tempo estarão como seu peso quase que triplicado devido a repetição dos movimento! Então acho que ter sido componente ajuda nesse processo.

CF - Por falar em criação, de onde partem as idéias? Você cria em conjunto com o carnavalesco ou assume toda a concepção?

-Crio em conjunto sempre, até por que a comissão de frente é parte do enredo idealizado pelo carnavalesco. Geralmente ele lança uma idéia guia ou diz como está definido seu primeiro setor, daí eu venho com as minhas e chegamos a um denominador comum. Eu procuro sempre fazer comissões que tenham conceito, que mesclem objetividade com simbolismos. E uma coisa importante de ressaltar é que grandes enredos sempre costumam "gerar" comissões de frente marcantes!

CF - Embora este ano houvessem mulheres em sua comissão, seus elencos são em grande maioria masculinos. Quais os critérios utilizados na seleção do seu grupo?

- Eu herdei o que o Fábio mais defendia: TRABALHAR COM PESSOAS COMUNS! Não que eu tenha algum preconceito quanto aos bailarinos em comissão de frente. A questão é que acho mais gratificante e desafiador trabalhar com pessoas "normais" e fazer delas grandes dançarinos! Eu já tive componente que não sabia girar! E hoje me agradece por isso! (risos). Com bailarinos o trabalho seria muito mais fácil, mas acho que essa não é muito a inversão que o carnaval propõe! É legal ver o simples se tornando rebuscado na Sapucaí.

CF - O quesito está passando por transformações. Há uma constante busca por inovações, os tripés estão cada vez maiores, os truques estão cada vez mais presentes... Mas seus trabalhos ainda valorizam muito o contingente humano na abertura do desfile. O que tem achado dessas mudanças?

- Olha acredito que ainda valorizo o contingente humano porque faço comissões nos ditos grupos de base! Com certeza chegando um dia no Grupo Especial me adequarei a esta tendência. Eu vejo tais inovações como pertinentes, porém é preciso usá-las com cautela! Não adianta ter um tripé que sirva só de palco ou pano de fundo para comissão de frente, ele tem que estar inserido no contexto da mesma, de modo que não seja percebido como tripés, ou seja, passe despercebido! Esse ano (2012) tivemos dois exemplos claros disso que falei. Tanto para o bem como para o mal. Analisem as comissões da Vila e Porto da Pedra.

CF - As notas são comparativas e o regulamento não é tão claro sobre alguns pontos. Você acha que ele deveria passar por mudanças?

- Esse é um ponto complicado já que as notas geralmente tendem ao gosto pessoal do julgador e muitas das vezes, não ao que a comissão realmente merecia! A comparação é válida sim! Mas o que existe é uma banalização do 10! Esse ano mesmo no Grupo Especial, ao meu ver o único 10 seria o da Vila! Ela seria nota de partida das demais! Quanto ao regulamento acho que ele deveria ser menos omisso no que se refere ao número de componentes! Segundo ele o máximo são 15 componentes, mas todos sabem que hoje muitas comissões colocam o dobro e as vezes até o triplo de pessoas participando! Por que o regulamento não assume isso? Outra coisa é quanto a apresentação no setor 3! Não está claro! Se apresentar significa virar-se para o setor 3 e dançar ou passar pelo mesmo setor dançando?

CF - E os jurados? A apresentação de uma comissão de frente tem características próprias para o enorme palco que é a Marquês de Sapucaí e ao contrário de tempos atrás, hoje os julgadores possuem um certo vínculo com a arte. Você acha que eles estão preparados ou falta algo mais?

- Acho que por serem da dança ele têm sim o um apuro melhor no julgamento das comissões.

CF - Você também coreografou alegorias e alas. Como é lidar com um número tão grande pessoas, com a diversidade e com a pressão da diretoria da escola?

- É uma loucura! (risos) Em alas e alegorias a quantidade dos problemas se quadriplicam! Um exemplo, se numa comissão de 15 você tem 3 faltas num dia, seu ensaio já fica prejudicado! Pense agora numa ala de 150! A escola quer ver o povo cantando. A ala só fecha quase sempre em janeiro e o pior disso tudo O COMPONENTE QUER SAIR EM TODAS AS ESCOLAS QUE TEM ALAS COREOGRAFADAS; logo eles não são exclusividade! (risos) Em dia de ensaio técnico então, quando calha de cruzar as escolas que ele desfila no mesmo dia... nossa! Porém é válido ressaltar que o resultado final desses grupos são muito satisfatórios. Vide as alas que coreografei na Vila 2010, os malandros de Noel onde os componentes vinham com uma cadeira de bar nas mãos e ala desse ano (2012) na Ilha que formavam os aros olímpicos!


                     Ala da União da Ilha 2012                                                       Ala da Vila Isabel 2010
Algumas comissões coreografadas por Big:

União de Jacarepaguá 2007

União da Ilha 2008

União de Jacarepaguá 2009

Estácio de Sá 2009

Estácio de Sá 2010

Império Serrano 2011

Mocidade de Vicente de Carvalho 2011


Unidos de Vila Santa Tereza 2012


Enfim, Big é uma daquelas pessoas que resumem a própria folia. Componente, carnavalesco, coreógrafo... FOLIÃO! O amor e a dedicação pelas escolas de samba o torna muito especial e nós do Blog COMISSÃO DE FRENTE só podemos dar os parabéns pela grande trajetória e desejar muito sucesso no caminho que ainda está por vir. 





CARNAVAL 2013 - Jardel Augusto é o novo coreógrafo da Cubango


Comissão de frente da Acadêmicos do Cubango tem novo coreógrafo

SRZD CARNAVAL - A escola de samba Acadêmicos do Cubando já visa o próximo desfile e o presidente, Olivier Luciano Vieira fechou mais uma contratação. Jardel Augusto Lemos é o novo nome que comandará a comissão de frente da agremiação, no Carnaval de 2013.

Jardel, que é Bacharel em dança pela UFRJ e já trabalhou com grandes coreógrafas como Luciana Yegros, Gislayne Cavalcanti e  Regina Miranda, está muito feliz com o novo desafio.

"Eu cresci em Niterói e acompanho o crescimento do trabalho da Cubango no decorrer dos últimos anos e me sinto muito feliz por agora também fazer parte da equipe de profissionais que levarão a escola, ao Carnaval 2013. Creio que quando a vida nos apresenta surpresas como esta, devemos primeiramente agradecer a Deus pela oportunidade, depois pela força dos amigos e familiares a minha volta e a todos os meus mestres que diretamente me impulsionaram para que eu chegasse hoje neste lugar", afirmou.

"Com tudo isso, quero dizer que estou aqui para somar com a escola e fazer deste melhor desfile, pois para mim, cada ano representa uma superação e esse ano deve superar os demais. Mantendo a tradição da comunidade e, ao mesmo tempo, trazendo ideias novas. Será algo inesquecível com certeza. O enredo é o que eu vivo e pratico e nada melhor que estrear no Carnaval com a Cubango e ainda mais com um enredo como este. Foi um grande presente do amigo Severo Luzardo", completou.

O novo coreógrafo da verde e branca já foi bailarino de comissões de escolas como Beija-Flor, União da Ilha e Acadêmicos da Rocinha.

SOU COMPONENTE - Handerson Lopes (Big) na Imperatriz

Handerson Lopes, Big, foi talvez o mais jovem componente de comissões de frente do carnaval carioca. Aos 16 anos assumia o posto no grupo de Fábio de Mello. O que eles não imaginavam é que aquele grupo se tornaria um marco nos desfiles da Marquês de Sapucaí. Hoje, Big se tornou coreógrafo e o seu passado se mistura com a história da escola de Ramos. Por isso, a seguir estão todas as apresentações das comissões em que Big fez parte. Aproveite!


 
 
 
  
 
 
 
 
     

quinta-feira, 28 de junho de 2012

SOU COMPONENTE - com Marlon Barros

"A Bela Vista chegou.... 
É Carnaval
O povo todo aplaudiu, Estremeceu sacudiu
Sou Vai-Vai sou imortal"
Trecho do samba: "Eu também sou imortal" de 2005

Um grupo que foi o verdadeiro cartão de visitas da escola de samba Vai Vai em São Paulo, chamado de Pitbulls, esteve à frente da escola por 12 anos. Juntos escreveram uma história cheia de vitórias, alegrias e muita amizade. Imortalizaram-se na história do carnaval paulista e nos carnavais do vitorioso Vai Vai.

Os Pitbulls

“Reportagem exibida dia, 21 de Fevereiro de 2004, Diário de São Paulo. ( foto do jornal ).”

  Eles não são agressivos nem ferozes, mas a presença dos "Pitbulls" da Vai -Vai impõe respeito na passarela do samba. Composto por 17 rapazes negros com idade entre 19 e 40 anos, porte atlético e altura superior a 1,90 metro, o grupo forma a comissão de frente da escola de samba do Bexiga e coleciona prêmios, entre eles dois títulos do Troféu Nota 10, promovido pelo DIÁRIO.
O grupo foi formado há oito anos por Chico Spinosa, que era carnavalesco da Vai-Vai na época. "Para o carnaval de 1997, a comissão de frente representava os anjos protetores do garimpo. Então, ele pediu que fosse formada por negros de porte avantajado", explica o coordenador e coreógrafo "Pitbulls"Jairo Pollicarpo, de 40 ano, que exibe plena forma em seu 1,94 metros de altura e 88 quilos.
Com o sucesso conquistado na época, a escola decidiu manter o mesmo time em sua comissão de frente e a comunidade acabou batizando os rapazes de  “Pitbulls". "O pessoal via 17 negrões com quase dois metros e ficava assustado", brinca o coreógrafo. Da formação original, apenas cinco integrantes continuaram na escola, enquanto os demais seguiram outros rumos. Hoje além de exercerem uma atividade profissional, eles dividem seu tempo em eventos particulares e dentro da comunidade da Vai-Vai."Temos seguranças, administrativos, de tudo. Eu, por exemplo, trabalho com seguros e sou professor de inglês", diz o coordenador."Mas fazemos festa de debutante a enterro de sogra", complementa o "Pitbull" Anderson Estevam.




Decidimos então homenagear essa importante comissão através de um bate papo emocionante com o componente e ex-pitbull Osvaldo Marlon de Barros.
O prefixo ex foi incluído a pedido de Tatiana, esposa de Marlon, só pra deixar claro que o rapaz não anda mordendo fora do quintal, afinal, o grupo fazia muito sucesso com as mulheres.



CF - Como surgiu a paixão pelas escolas de samba e pelas comissões de frente?
- Sofri uma grande influência de minha mãe, Dona Ofélia (in memória). Ela gostava de assistir aos desfiles das escolas de samba, na Av. Tiradentes em São Paulo, antigo lugar dos desfiles em meados dos anos 80. Com mais ou menos 6 anos, eu não entendia porque as pessoas adoravam aquela barulheira toda da bateria e preferia o silêncio e os movimentos sincronizados da comissão de frente.

CF - Quando e como foi à estréia em comissões?

- Em 1996, servia as forças armadas, e não havia muito tempo para divertimento, só me restavam os ensaios do Vai-Vai aos domingos, minha escola de coração, foi quando ouvi anunciar que a escola estaria fazendo uma seleção para comissão de frente, com negros altos. No inicio da seleção éramos 36, ficando apenas 12, e eu um dos selecionados.

CF - Quais os horários, como eram os ensaios e o processo de criação?

- Os horários de ensaios eram noturnos, nossa coreógrafa e bailarina, Elena Lourenzzone, era muito rígida. Os ensaios eram realizados todos os dias da semana e quem faltasse a 2 ensaios consecutivos estava fora. Os vizinhos não entendiam o que aqueles negrões, daquele tamanho faziam em um balé todos os dias e a nossa coreógrafa achava que nós já éramos bailarinos. Depois dos ensaios diários, saía de lá com saudades da educação física do quartel, que era mais suave.(risos)

CF - Qual foi o desfile mais marcante?

- Tivemos alguns desfiles marcantes, outros nem tanto, e outros para esquecer. Cada componente possui o seu preferido, posso lhe mencionar 3. O primeiro, em 1997 em que representávamos “Os  Anjos protetores do Garimpo de Minas Gerais ", também em 1999 " Nostradamus " e em 2005 " Caos ", Neste sim tínhamos a certeza que o trabalho havia sido executado, as pessoas nas arquibancadas mostraram isso para nós.

CF - E o momento mais difícil?

- O momento mais difícil foi quando o grupo todo decidiu, que por fofocas, guerras de vaidades e interesses pessoais, não nossos, mas de outras pessoas e determinados setores da escola. Estávamos colocando um ponto final na nossa história de 12 anos de luta, garra e dificuldades, sem cobrar um centavo da escola, fazíamos por amor ao nosso pavilhão, isso machucou muito.

Uma vez Vai Vai, sempre Vai Vai.

CF - Vocês são responsáveis por pontos preciosos da escola. O tempo de ensaio é longo, mas o nervosismo e a tensão são inevitáveis. Como funcionava a concentração para o desfile?

- No dia do desfile era feito uma concentração em um determinado local, ou até mesmo um almoço patrocinado pela escola. Passávamos o dia inteiro juntos concentrados até o horário do desfile, evitando assim, atrasos, bebedeiras e estresses desnecessários.

CF - Você tem algum ritual antes de entrar na avenida?
- O tradicional a todos é rezar e pisar com o pé direito ao ultrapassar a faixa amarela.

CF - Você fez parte de um grupo que se manteve unido por 12 anos. Como foi esse período?

- Um período ótimo, memorável, eu posso estar enganado, mas acho difícil nos dias de hoje, aparecer um grupo igual aquele. A sintonia era enorme, combinávamos roupas, horários, se levaríamos as respectivas (esposas), entrávamos no ensaio da escola todos juntos, fazíamos festa de todos os tipos e apresentações com a escola. A vestimenta não se repetia, se fôssemos convidados para dois ou mais eventos no mesmo dia, íamos a cada evento como uma roupa diferente. O segredo? Ninguém era melhor que ninguém, cada componente sabia da sua importância dentro do grupo e respeitava o espaço do outro, sem estrelismo, isso foi o segredo para o grupo ser tão unido. Humildade de cada componente.

CF - Até que ponto, o fato de estarem juntos por tanto tempo influenciava no trabalho do grupo?

- Era muito bom de trabalhar, por que cada um sabia da dificuldade e qualidade de cada um, quando se montava uma nova coreografia, quase que automaticamente as posições iam sendo assumidas por componentes que já tinham aquela função, isso facilitava muito nas montagens das coreografias, por isso que com o decorrer do tempo não precisávamos ensaiar tantos dias, nem tantas horas.

CF - Qual o melhor coreógrafo em sua opinião? Por quê?

 - Essa é uma pergunta fácil de responder: Fábio de Mello. Quando a comissão de frente passava a não usar mais a velha guarda, que desfilava cumprimentando as pessoas nas arquibancadas aqui em São Paulo, Fábio de Mello já fazia história com comissões espetaculares na Imperatriz Leopoldinense, no Rio de Janeiro. Ele serviu de exemplo para muitos coreógrafos que hoje são considerados Top. Quem fala que nunca assistiu, acompanhou ou ouviu falar de Fabio de Mello, não sabe o que representa uma comissão de frente, não serve para ser coreógrafo, principalmente aqui em São Paulo, onde a comissão de frente não é reconhecida como se deveria, e quem é integrante sabe muito bem o que estou falando.

CF - O seu grupo viajou junto? Para onde? Como foi?

- Fomos em 2001 para Rússia, apenas 3 componentes (Jairo, Cardial e eu). Uma experiência inesquecível! Houve um carnaval em que foram chamados alguns países para mostrar suas culturas. Chegando lá, fomos recomendados a andar uniformizados, sempre juntos e sem roupas que expusessem o corpo e seguimos isso a risca, até que ao passear em um parque em pleno verão, presenciamos a grande maioria das meninas tomando sol, mas para se bronzear melhor elas estavam só com a parte de baixo (top less)... Depois desse fato a Rússia conheceu o Brasil e conheceu a Vai -Vai, até ensaio da bateria teve na porta do hotel. (risos)

CF - Que comissão você considera a mais marcante de todas?

- Tenho um número muito grande de comissões, posso citar de 5 á 10, mas para mim, Os Pássaros em 1998 da Imperatriz Leopoldinense. Sempre que posso estou relembrando: movimentos suaves, fantasias leves, coreografia simples e perfeita e o conjunto de toda essa simplicidade, foi mais um espetáculo de Fábio de Mello.

CF - Descreva os desfiles que participou, colocando o ano, coreógrafo, escola...

- Participei de desfiles de 97 a 2007, ficando de fora em 1999 e 2006. Coreógrafos não foram muitos. Elena Lorenzzone, Márcio e Jairo Pollicarpo que deixou de ser componente e começou assinar a coreografia.

CF - Como é a relação com a escola e com a comunidade?

- Graças a Deus e ao nosso desempenho não só na avenida, mas em eventos e ensaios que participávamos, tínhamos um relacionamento muito amigável com o público de todas as idades, de todos os setores e inclusive fomos homenageados em 2001, pelos compositores ( Zeca do Cavaco, Zé Carlinho, Nayo Denay e Ronaldinho FDQ) com um alusivo no Samba enredo deste mesmo ano.

" Nossa comissão de frente, elo forte da corrente, a luz do meu cantar "
                                                                                 Trecho do samba alusivo em homenagem ao grupo

E tinhamos também uma parceria com a comissão de frente do Camisa, inclusive fizemos um jogo de futebol juntando as duas comissões, onde o resultado não poderia ser melhor: 6x6. Saudades... E a comissão de frente da Unidos de Vila Maria, jogamos 2 partidas de basquete, cada escola vencendo uma.

CF - E como foi a separação do grupo em 2007?

- No final de 2007 início de 2008, a Diretoria, com a intromissão de algumas pessoas influentes da escola, decidiram que alguns elementos de nosso grupo não teriam mais capacidade técnica para estarem no grupo, alegando que o próximo trabalho iria exigir mais do que eles poderiam dar. A informação nos causou uma surpresa, porém aceitamos de momento. Um grupo com 18 pessoas na época, sempre trouxe suas notas, deveria ser dizimado? Nossas decisões eram tomadas sempre em votação, sendo assim de comum acordo, entregamos nosso posto à escola para que fosse montado um novo grupo com os requisitos exigidos pela mesma.

CF - Impossível não falar sobre a confusão que aconteceu durante a apuração deste ano e o pior é que a confusão aconteceu exatamente durante a leitura das notas de comissão de frente.  Como vc recebeu essas notícias? 

- Desde 2007 não desfilamos mais, sendo assim, me coloco no lugar de quem desfilou e não soube qual foi o resultado do seu trabalho. Este ano tivemos comissões impactantes, diferentes, com certeza o ensaio foi árduo, demorado, longe da família e até com brigas conjugais por conta disso (eu sei bem como é). E na hora de você saber o resultado da luta, de todas as dificuldades que você passou, aparece um sambeiro (por que não se pode chamar de sambista) e rasga toda e qualquer possibilidade de se avaliar o seu trabalho. Ficou muito feio e barato para o carnaval de São Paulo, lamentável.

CF - E as expectativas para o próximo ano?

  Hoje na posição de telespectador, espero grandes carnavais, grandes comissões, originalidade, algo de encher os olhos... As pessoas assim como eu, esperam que as últimas imagens do carnaval, sejam excluídas de vez da história, que ele volte a ser uma festa popular como era antigamente. Hoje se você não tem ingresso, não ultrapassa nem a barreira do segundo quarteirão no local do desfile, não se assiste mais da ponte, porque coloca-se um muro. O carnaval virou um comercio a céu aberto, onde quem tem dinheiro samba, quem não tem dança.

CF - Fique a vontade para nos dizer o que quiser. Contar curiosidades, fatos marcantes... Este espaço é liberado para que conte a sua história.

Polêmica

  A opção por continuar com um elenco exclusivamente de negros atléticos na comissão de frente, criou problemas fora da escola. Não foram poucas as acusações de racismo e preconceito. "Deixamos condições (ser negro e forte) bem claras. Acho que existe muita hipocrisia por ai e criamos polêmica justamente por não sermos hipócritas", comentou Pollicarpo. "Sempre estivermos do outro lado, sendo discriminados para preencher vagas de trabalho por sermos negros sem que isso fosse dito"menta o coordenador do grupo.
Além da parte estética, Pollicarpo acredita haver uma coerência em se manter os critérios de seleção. "O carnaval é essencialmente negro, isso não dá para negar", justifica. Segundo ele, a Vai-Vai é a escola com maior número de componentes negros. Do total de 4.500 integrantes, eles seriam cerca de 70%. Outro quesito importante na seleção é ser " virgem no carnaval, ou seja, nunca ter integrado nenhuma outra agremiação.
Por formarem um grupo coeso e premiado, os "Pitbulls", inicialmente, geraram certa ciumeira dentro da agremiação. Mas, segundo Pollicarpo, com o tempo essas diversas divergências foram superadas e eles ganharam prestígio e respeito dentro e fora da Vai-Vai, sendo considerados, um de seus principais cartões de visita. "Pará nós, o carnaval é uma festa popular. Temos o público como nosso alvo. Os prêmios são apenas uma conseqüência disso", enfatiza Pollicarpo.
Reportagem: Tadeu Brunelli

Assédio

O porte atlético e a presença na passarela, além de chamar a atenção dos jurados, faz sucesso com um público específico: as mulheres. Não há "Pitbull" que não tenha uma boa história de assédio feminino para contar. "Acontece muita coisa, desde beliscão no bumbum a jogar o telefone no bolso da gente. E tem até proposta bem indecente", conta o coreógrafo do grupo, sem dar nomes nem maiores detalhes."Uma vez, em um ensaio, uma mulher de idade agarrou um de nós e já perguntou se tinha programa para mais tarde", entregou Alexandre." Tem algumas que chamam até dois ou três de uma só vez", conta Pollicarpo. E vocês aceitam ? É melhor não responder: As nossas namoradas podem ler a matéria", brinca o coreógrafo.
Reportagem: Tadeu Brunelli

Segredo quardado a 7 chaves:

  Em 1999, a fantasia da comissão de frente não foi testada, como a maioria das vezes, chegou à horas do desfile. Ao fazer o teste, eis a surpresa, o encaixe macho e fêmea do costeiro, asas de morcegos eram completamente diferentes, não se encaixavam, foi à maior tristeza, dava para ver no semblante de cada componente, aí o Sr. Chico Spinozza pediu um minuto de silêncio, para pensar.

 Passado um certo tempo, ele desceu do seu escritório e começou a recortar os sacos plásticos que cobriam os carros alegóricos, que haviam sobrado no barracão, como se fossem uma capa de bruxo, recortou algumas estrelas de papel brilhante colou no plástico e fomos para avenida.

  No final do desfile, apesar da boa apresentação, todos preocupados com a capa feita de saco plástico, o que iria acontecer? O que os jurados iam pensar? Como o público reagiu? A nossa maior surpresa foi quando fomos para a arquibancada assistir o restante dos desfiles e alguns foliões e componentes de outras escolas vieram nos cumprimentar pelo belo desfile e perguntar o que a gente ia fazer com aquela capa de couro depois do carnaval. Capa de couro? (risos) Ganhamos o carnaval e o prêmio de melhor comissão de frente, esse segredo foi guardado a 7 chaves.


Agradecimentos:

A Deus primeiramente. a minha esposa Tatiana que me vez valorizar e enxergar os reais valores da vida, ao qual eu não tinha enxergando. A comunidade da Vai-Vai, pelo carinho e respeito que tiveram com nosso trabalho todos esses anos. Aos amigos que o samba me trouxe e continuam comigo, independente das diferentes agremiações. Sabá ( Ex Coreografo e Componente da Gaviões e da Camisa ) seu filho Júnior (possuem um acervo de desfiles memoráveis do Rio e São Paulo), Sandra, Edgar, Igor, Fábio, Didi, comissão de frente Camisa, Vila Maria, Rosas, etc...
Para os "Pitbulls”: Jairo Pollicarpo, Robson Cardial, Reinaldo de Paula, Alexandre, Sobrinho, Victor, 2 Pac, Cebolinha, Elder, Anderson Esteves, Boi, Hamilton, Cleiton, Luciano, Kênia, Cleiton, Rodney, + preto, Novato, Alcides, Batatinha, Rocha 1 e Rocha 2, Lê Love, Jerry, Sidney (in memória), Betão, Flávio, Denilson, Santoro, Bob, Sérgio, Igor, Maicom, Ive Mesquita e Néia, se esqueci de alguém me desculpe, afinal, foram 12 anos... a memória é falha.

Meus amigos mudam- se as paisagens os amigos não, obrigado por vocês fazerem parte da história da minha vida, sorrimos juntos, cantamos juntos, brigamos juntos como uma família, que nós éramos. Poucas pessoas irão entender o que nós fazíamos pelo nosso pavilhão. Amigos, o Vai-Vai nos deu muitas coisas... para alguns, assim como eu, um amor, uma família, um lar e amigos. Se hoje não fazemos parte do presente, ontem fizemos. Não existe futuro sem o presente, não existe presente sem passado e se é passado não pode ser apagado, por isso, vira história. Sendo assim, somos parte da história e isso é o que importa. Amo vocês!

Homenagem da amiga Jéssica à Marlon e aos Pitbull's:


Os Pitbull's em ação!
1997
ENREDO: "Liberdade ainda que Vai-Vai"


1998
ENREDO: "Banzai! Vai-Vai"


1999
ENREDO: "Nostradamus"

2000
ENREDO: "Vai Vai Brasil"

2001
ENREDO: "O caminho da luz, A paz universal"

2002
ENREDO: "O número 7"

2003
ENREDO: "Entre Marchas, Galopes e Cavalgadas"

2004
ENREDO: "Quer conhecer São Paulo? Vem pro Bixiga pra ver..."

2005
ENREDO: "Eu também sou imortal"

2006
ENREDO: "São Vicente, aqui começou o Brasil"

2007
ENREDO: "O 4° Reino, O Reino do Absurdo"

A nossa homenagem:
 

Quem vive intensamente a emoção do carnaval e a magia das escolas de samba sabe o quanto é difícil descrever essa paixão. Um grupo de homens negros, altos e fortes intitulados de Pitbulls, animais de caça e defesa, agiam exatamente desta forma à frente do Vai Vai. Aliás, eles não só defendiam um quesito, defendiam o pavilhão da escola da Bela Vista com garra e determinação. Juntos, fortes e unidos formaram uma massa indivisível de carinho, respeito e responsabilidade... Uma família. Com seus problemas, seus conflitos, seus momentos de alegria e dor, de êxtase e cansaço, de derrotas e vitórias... como toda grande e boa FAMÍLIA.

Hoje os rumos destes rapazes são outros, cada um seguiu o seu caminho e o carnaval passou a ser visto por outro ângulo, mas na memória e no coração de todos eles, a lembrança de anos de muita alegria e o sentimento de dever cumprido.

Uma vez comissão de frente sempre comissão de frente!

À vocês o nosso agradecimento pelos anos de dedicação e contribuição para as queridas escolas de samba. Valeu!

terça-feira, 26 de junho de 2012

ÁGUIA DE OURO 2012 - TROPICÁLIA

Hoje Gilberto Gil faz 70 anos e em homenagem a ele colocamos um registro da comissão de frente da Águia de Ouro em 2012 que homenageou o tropicalismo.

Parabéns Gil!

Foto: José Patrício

segunda-feira, 25 de junho de 2012

TROFÉU NOTA 10 - Jornal Diário de São Paulo

Criado nos moldes do Estandarte de Ouro, prêmio oferecido pelo jornal O Globo às escolas de samba cariocas, o TROFÉU NOTA 10 surgiu para suprir a necessidade de prêmios que reconhecessem o valor e o talento das escolas paulistas. Criado em 1999, pelo jornal Diário de São Paulo, tornou-se o principal prêmio entregue às escolas do Grupo Especial. O anúncio dos vencedores acontece na edição impressa da terça feira de carnaval, sendo ansiosamente aguardado pelos sambistas e pelas escolas.

Confira a seguir as apresentações dos premiados:

2012 Pérola Negra 

2011 Pérola Negra

2010 Pérola Negra 

2009 Mocidade Alegre

2008 Vai Vai 

2007 Rosas de Ouro 

2006 Mocidade Alegre

2005 Rosas de Ouro

2004 Rosas de Ouro

2003 Império de Casa Verde

2002 Vai Vai

2001 Gaviões da Fiel


2000 Leandro de Itaquera

1999 Vai Vai


quarta-feira, 13 de junho de 2012

NOSSA HISTÓRIA - As duas comissões da Beija Flor 1989

Em 1989, o mestre Joãozinho Trinta foi o criador de um dos momentos mais emocionantes da Marquês de Sapucaí. O "Cristo Mendigo" cercado por uma enorme ala de esfarrapados deixou todas as pessoas que acompanhavam aquele desfile em estado de êxtase. Apesar de não ter sido campeã a Beija Flor entrou para  história com o mais arrebatador desfile de todos os tempos. Uma surpreendente resposta de Joãozinho àqueles que o atacaram por apresentar desfiles extremamente luxuosos na avenida. O luxo e o lixo juntos a uma euforia sem fim. Lindo!

A escola levou para a avenida duas comissões de frente, uma formada por mendigos (o lixo) e outra mais adornada de plumas e paetês (o luxo). Pouca gente lembra destes dois momentos, mas nós estamos aqui pra refrescar a sua memória...

Os vídeos a seguir mostram ambas as comissões. O primeiro é um registro do desfile das campeãs, onde o povo descobre o a escultura do Cristo. Não editamos o vídeo porque ele retrata momentos de uma emoção única. Confira e se emocione! É simplesmente lindo!

ENREDO: “Ratos e urubus larguem minha fantasia”.
CARNAVALESCO(S): Joãosinho Trinta.
Coreógrafo(s): Amir Haddad.
Componentes: 15 masculinos (Grupo Tá na Rua).
Nome da fantasia: “Mendigos”.
O que representou: “Na abertura mostraremos a massa de Mendigos envolvidos pela crueza
do LIXO REAL, símbolo de tantas sujeiras nacionais. LIXO FÍSICO, MENTAL E
ESPIRITUAL assentado no LUXO de tantas situações deprimentes. O jogo será feito.
Mostraremos o Lixo e o Luxo rebatendo na figura do MENDIGO. E esta figura não é tão fácil
de ser retratada, como se pensa. Ao contrário, ele  é muito complexo, realmente profundo e
dramático. Descobre-se, nele, um Universo de razões, situações, ações e reações, prazeres,
ódios, sentimentos e paixões numa turbulência maior que imaginamos. Cada mendigo é um
mundo muito particular. Ninguém é parecido com ninguém. Por estarem libertos dos
parâmetros de uma sociedade dita normal, eles criam aberturas muito amplas para si. De uma
maneira geral. Em termos de vivências, indumentárias, atitudes, etc. Esta falta de
comportamentos resulta numa grande liberdade. Liberdade que esbarra em qualquer
Regulamento. (...) Foi escolhido um tipo mais comedido que na visão de um bêbado fica
multiplicado por 15. Por causa desta multiplicação alcoólica todos os Mendigos estão vestidos
iguais e fazem gestos iguais. Foram treinados para  um certo comportamento em relação ao
Regulamento. Mas, suas características de liberdade e irreverência permanecem”.

1ª COMISSÃO:

2ª COMISSÃO:

FONTE: "Abre Alas" - LIESA

segunda-feira, 11 de junho de 2012

COREÓGRAFOS - Nino Giovanetti

Armando Giovanetti, começou a dançar na década de 50, ao lado de Luciano e Aladia Centenaro, com quem montou The News Shout American Dancer's, com longa temporada na Europa. Voltando ao brasil, foi contratado por Carlos Machado, viajando para o México, Porto Rico e São Domingos com o show O teu cabelo não nega e Rio de quatrocentos janeiros. Nos Estados Unidos, estudou com Matt Madox, Buzz Miller, Alvin Alley e Kobayashi, entre outros. A partir de 1965, foi coreógrafo de quase todas as emissoras de TV, no eixo Rio/São Paulo, onde atuou ao lado de grandes estrelas. Foi diretor e coreógrafo de shows com Mayza Matarazzo, Elizete Cardoso, Wilson Simonal, Marcos e Paulo César Valle. foi um dos fundadores do Conselho Brasileiro de Dança através da UNESCO e também diretor-fundador do Sindicato da Dança do Estado do Rio de Janeiro. Um dos introdutores do estilo jazz no Brasil, atuou na temporada de Rudolf Nureyef e Margot Fontaine como coreógrafo, no ballet Jazz para quatro instrumentos.

No carnaval foi passista da Acadêmicos do Salgueiro e fez a sua estréia como coreógrafo pela Porto da Pedra em 1996. Paulo Barros ganhou fama com a alegoria do DNA, na Unidos da Tijuca em 2003, mas à frente da escola estava a comissão comandada por Nino que o acompanhou também no ano seguinte.

Nino Giovanetti faleceu aos 75 anos, de parada cardio-respiratória. em Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro.

Chamamos a atenção para a inovadora comissão da Porto da Pedra de 1998, em que os componentes vieram cercados por grades simbolizando uma cadeia, a figura central é de um juiz representado pelo próprio Nino. Também não podemos deixar de ressaltar as comissões da Unidos da Tijuca criadas para a então revelação Paulo Barros e finalmente a artesanal comissão criada para o enredo "O Império do Divino" no Império Serrano.

1996
Porto da Pedra
ENREDO: “Um Carnaval dos carnavais – a folia no mundo”.
 “Coringa”

1997
Porto da Pedra
ENREDO: “No reino da folia cada louco com sua mania”.
“O louco”

1998
Porto da Pedra
ENREDO: “Samba no pé e mãos ao alto. Isto é um assalto”.
 “Lugar de ladrão é na cadeia”

1999
União da Ilha
ENREDO: “Barbosa Lima, 102 anos do Sobrinho do Brasil”.
 “O Brasil moderno grávido de justiça”

2002
Porto da Pedra
ENREDO: "Serra Acima, Rumo À Terra Dos Coroados"
“Espíritos coroados”

2003
Unidos da Tijuca
ENREDO: “Agudás, os que levaram a África no coração, e trouxeram para o coração da África, o Brasil”
“Pregoeiros de delícias baianas”

2004
Unidos da Tijuca
ENREDO: “O sonho da criação e a criação do sonho: a arte da ciência no tempo do impossível”
 “A Ciência move o Homem ou o Homem move a Ciência?”

2005
Unidos da Tijuca
ENREDO: “Entrou por um lado, saiu pelo outro... Quem quiser que invente outro” .
 “O imaginário de Dom Quixote”

2006
Império Serrano
ENREDO: “O império do divino”.
“Os caminhos da fé”