terça-feira, 1 de maio de 2012

NOSSA HISTÓRIA - Mangueira 1977


O momento mais bonito do desfile de 1977 foi proporcionado pela comissão de frente da Mangueira, toda ela integrada pelos sambistas da velha guarda. Lá estavam Cartola, Nelson Cavaquinho (que desfilava pela primeira vez numa escola de samba), Carlos Cachaça, Juvenal Lopes, Babau, Antonico Abóbora d'Água, Aloísio Dias e outros, entre os quais o ex-presidente Djalma dos Santos.

Vestidos de fraque cor-de-rosa e com cartola na cabeça, eles proporcionaram à Mangueira nota máxima no quesito comissão de frente. Mas deixando de receber dez pontos de bonificação por não ter desfilado no tempo certo, a Estação Primeira amargou um sétimo lugar, imediatamente atrás do Império Serrano, que também foi castigado com a perda de ponto pelo mesmo motivo. A opção pela comissão de frente constituída pelos seus veteranos sambistas confirmava uma tendência muito forte na Mangueira de levar a escola, com uma história tão bonita, a olhar para dentro de si mesma. As tradições mangueirenses seriam a grande arma para enfrentar o poder econômico de algumas de suas rivais, embora a escola não estivesse livre da invasão de componentes sem a menor ligação com a Mangueira ou com o próprio samba.



Como o regulamento continuava exigindo o máximo de oitenta minutos para o desfile de cada escola, a dança do samba abriu espaço para a correria. Depois de desfilar dois anos na comissão de frente, Cartola, o maior nome do samba carioca, anunciou que não desfilaria em 1979: "Não aguento aquele desfile, aquela correria. Parece mais um desfile militar e não carnavalesco", disse ele ao Jornal do Brasil.






FONTE: "Escolas de Samba do Rio de Janeiro" de Sérgio Cabral

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