Por Patrícia Raposo
Juntar as histórias e memórias de duas grandes agremiações como Unidos do Viradouro e Acadêmicos do Salgueiro, simplificar e contar através da criação de uma comissão de frente pode não parecer uma tarefa fácil. Mas para Luciana Yegros, coreógrafa da vermelha e branca de Niterói, a missão está se tornando possível.
Em conversa com o SRZD-Carnaval, Luciana resumiu o que será apresentado pela escola, no dia 8 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí, sobre o enredo "Nem melhor nem pior, que não sai da minha mente. Inspiração para o meu samba, eu também sou diferente", assinado pelo carnavalesco Max Lopes.
"Pela primeira vez estou trabalhando com o Max e fiquei muito surpresa e feliz com nossa parceria. Ele me deixou super à vontade, fui mostrando minhas ideias para ele, trocamos informações, ele foi aprovando as criações e tudo foi se construindo", detalhou.
"Fiquei muito satisfeita porque acho que é importante esta comunhão com o carnavalesco. A comissão de frente não é nada à parte da escola, ela está dentro de um enredo que está sendo contado por ele", completou.
Ela revelou que sua equipe, composta por 15 integrantes, terá entre eles um ator.
"Minha equipe está com um naipe bastante técnico. Não tenho só bailarinos, mas também atores e pessoas apaixonadas pelo Carnaval. Um dos nossos diferenciais será o ator Léo Fagundes, super talentoso, que representará o tempo", destacou.
"Através do personagem dele falaremos da memória do Salgueiro, nosso grande homenageado. Viajando pelo passado, relembrando grandes Carnavais, e também passando pelo presente e futuro. Será uma junção das duas escolas. Como se a Viradouro estivesse recebendo o Salgueiro e suas grandes histórias", completou.
Completando 10 anos como comandante de comissões de frente no Carnaval carioca, Luciana também é uma personagem essencial na narrativa das duas agremiações em questão, já que foi na Academia do Samba que ela iniciou seu trabalho assinando como coreógrafa. Experiente, ela afirmou que a visão dos julgadores não influencia na execução do seu trabalho.
"Sabemos que existem regras, exigências e é um quesito importante. Mas também enfrentamos o gosto pessoal de cada um, o que pode ser muito subjetivo algumas vezes. Acho fundamental que a avaliação seja feita como um todo, desde o início da apresentação, e não apenas no momento em que a comissão está de frente para a cabine. E um bom julgador está sempre atento à isso", ressaltou.
"Eu sou muito crítica, no entanto não me preocupo muito com as notas, elas chegam como consequência de um bom trabalho apresentado. Tenho muito cuidado com o público. Minhas criações são histórias contadas com antes, durante e depois. Uma comissão que passa andando pela avenida e concentra sua apresentação apenas na frente dos jurados pode acabar sendo antipática com o público", alertou.
A preocupação e ansiedade que giram em torno do tão sonhado título de campeã do novo Grupo de Acesso, denominado Série A, não abala Luciana. Segura da capacidade da agremiação, ela acredita que a volta ao Grupo Especial será um acontecimento para lá de merecido.
"A Viradouro não está brigando para subir. Ela está brigando para voltar para sua casa, que é o Grupo Especial. A escola não perdeu sua identidade de Grupo Especial. Sabemos das dificuldades que as escolas do Acesso enfrentam, ainda mais agora com a redução das verbas devido a esse inchaço que veio da junção dos dois grupos. Com isso, usamos e abusamos da criatividade e não diminuímos ou alteramos a qualidade do nosso trabalho", disse.
"Apresentaremos um trabalho lindo, com surpresas e momentos que contarão as histórias das duas escolas, mostrando os elementos que elas têm em comum como, as cores, a memória, a comunidade, a energia, o padroeiro Xangô e a tradição", finalizou.
Com tantas surpresas a caminho, só nos resta aguardar a passagem da Viradouro pela Passarela do Samba, no Maior Espetáculo da Terra!
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