terça-feira, 15 de novembro de 2011

O surgimento das comissões

A primeira manifestação carnavalesca a adotar um grupo denominado comissão de frente foram as grandes sociedades sendo, posteriormente, incorporadas aos ranchos e aos cordões carnavalescos. Esse grupo era formado por rapazes, elegantemente vestidos, que montados a cavalo vinham à frente dos carros alegóricos saudando o público e os jurados. As comissões de frente das escolas de samba sofreram inúmeras mudanças ao longo do tempo. Em seus primeiros anos, eram formadas por um grupo de homens, em geral os diretores da agremiação, que vinha a frente da escola vestindo sua melhor roupa. Consta que algumas vezes carregavam bastões às mãos, cujo objetivo maior era o de defender seu grupo dos rivais.
Coube a Antônio Candeia, pai do compositor Antônio Candeia Filho, a iniciativa de fazer com que a Portela fosse a primeira escola de samba a levar uma comissão de frente para a avenida. Chamava-se na ocasião, "comissão de destaques", e tinha a intenção de valorizar os componentes mais antigos, fundadores e colaboradores, cuja a idade mais avançada dificultava a participação em alas. As comissões da Portela eram mais requintadas, seus componentes desfilavam com roupas elegantes, inclusive ocasionalmente com fraque e cartola, modelo esse que logo passou a ser adotado pelas demais escolas. Isso era parte da política do seu membro mais ilustre, Paulo da Portela, que entendia que os sambistas deveriam andar sempre bem vestidos, afim de desfazer a imagem negativa que era tida sobre elas pelas classes mais altas, uma vez que os blocos e cordões, antecessores das escolas, tinham como fama serem adeptos das brigas de rua e arruaças.
A Vizinha Faladeira, ainda na década de 30, procurou inovar, trazendo as comissões em limousine e montadas a cavalo, como nas grandes sociedades. contudo, apesar das inovações da escola de santo cristo terem dado resultado    em 1937, quando saiu vitoriosa, o regulamento em 1938, o primeiro a reconhecer a existência das comissões, proibiu a utilização de elementos estranhos à cultura das escolas de samba, determinando os rumos que o carnaval seguiria a partir de então.
Com a chegada dos artistas nas escolas, muitas mudaram a sua forma, já que as comissões eram muito parecidas entre si. Por causa disso, foi se substituindo os trajes formais por fantasias, vinculadas ao enredo, apresentando passos marcados, ensaiados por bailarinos profissionais. No final dos anos 70, com a liberação dos costumes, surgem comissões formadas por mulheres semi nuas , cujo o marco principal foram as mulatas esculturais do carnaval de 1979 da Imperatriz Leopoldinense. Um modelo que logo se copia, mas a tendência crescente foi a de se mostrar comissões cada vez mais ricamente trajadas, com movimentos coreográficos cada vez mais elaborados. Ao final dos anos 90, já há a presença maciça de artistas circenses, grupos teatrais, uso de maquiagens especiais com muitos efeitos visuais e o uso de tripés.
As comissões de frente ainda estão em plena evolução e a cada ano uma nova página dessa história será escrita.

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