quarta-feira, 11 de abril de 2012

Justificativas 2012 - Mocidade





Pintando a avenida nas cores da escola pelas mãos de Portinari, a Mocidade levou para a avenida uma grande homenagem ao pintor no enredo “Por Ti, Portinari: Rompendo a tela, a realidade". E para colorir o início do seu desfile contou com Renato Vieira, estreando na escola após dez anos na Grande Rio. A comissão "Um esboço, um traço" trouxe a direção de Renato e a assinatura de Portinari.


O QUE REPRESENTOU:
 Cândido Portinari, pintor modernista brasileiro, produziu obras de temas diversos, com técnicas diferenciadas e teve influência de grandes artistas. Sua admiração pela obra do pintor cubista espanhol Pablo Picasso, modificou seu estilo e pode ser observada na dramaticidade de suas obras, a teatralidade dos gestos, na criação de espaços abstratos, na deformação pronunciada e no embate 
constante entre figura e fundo. O cubismo adotado por Portinari é produzido também por uma espécie de jogo de luzes.  Características que figuram em obras da Série Bíblica - O massacre dos inocentes e As trombetas de Jericó de 1943, e A ressurreição de Lázaro e O pranto de Jeremias de1944 - são exemplos.
Dentre os temas relevantes exploramos a poética pintura nacionalista de Portinari, que revela a influência do imaginário metafísico de figuras diminutas, sem rostos, trabalhadores, anjos, espantalhos, crianças, contrastando com a imensidão da paisagem. Os personagens desse prelúdio representam o esboço e são dramaticamente apresentados pela abstração geométrica, inerente ao contexto cubista, que serve de inspiração para a criação da movimentação coreográfica.   O embate entre figura e fundo supracitado ocorre neste contraste com a paisagem na medida em que os componentes rompem a tela  – a alegoria - e de esboço tornam-se realidade. O esboço que é um delineamento inicial elaborado com o propósito de facilitar uma análise preliminar de uma obra será criado instantaneamente, e ganhará vida através das cores alegres usadas pelo artista. A infância em Brodowski esteve presente em suas telas, e é através da imagem de um menino, representando João Cândido Portinari, que toda magia dessa comissão se estabelece.  Obras como “Meninos com pipas” de 1947 e “Retrato de João Cândido com cavalo” de 1941 inspiraram a narrativa do prelúdio.
O “traço” é um movimento dicotômico. Ao pedir para uma pessoa dar um traço, um risco num papel, ela irá executar voluntariamente uma ação que podemos descrever como: curta, direta, forte e livre. Porém podemos também traçar reflexivamente, uma linha prolongada, flexível, leve e controlada. A movimentação gestual distingue-se pela fragmentação que causa a deformidade cubista, é promovida pelos movimentos rápidos, fortes e diretos, que são caracterizados como ações corporais e correspondem aos fatores do movimento de Tempo, Peso e Espaço.   As posturas adotadas pelo corpo no espaço respeitam os ângulos retos ocasionando formas abstratas e traços pronunciados. As contrações do tronco, ondulações apendiculares e percursos circulares  – fundamentados nas obras em azulejos, como o painel “Conchas e hipocampos” e “Estrelas - do- mar e Peixes” entre 1941 e 1945 - foram interpostos conscientemente para variação da fluência em livre e controlada, em consonância com ações básicas de recolher e espalhar. Através da sistematização dessas oposições podemos alcançar a dramaticidade no movimento. A dinâmica que ora se apresenta direta e forte, ora flexível e leve, a modificação na direção e planos dos gestos, sua extensão e caminho no espaço, irão proporcionar maior qualidade de movimento e expressividade, atingindo a teatralização cênica fundamental ao espetáculo.  Tal dicotomia pode ser apreciada na mais famosa de todas as obras desse artista, os painéis “Guerra e Paz” - entre 1952 e 1956. 
A figura formada pelos componentes da comissão de frente, símbolo do  G.R.E.S. Mocidade é 
também alusiva a primeira manifestação artística de Portinari. Quando aos nove anos colabora com 
outros artistas italianos no restauro da pintura da Igreja de Brodowski, e sob sua responsabilidade 
ficou a pintura das estrelas.

CONFIRA O QUE ACHARAM OS JURADOS:

Fabiana Valor - 9,9
Concepção/Indumentária - 4,9               Apresentação/Realização - 5,0
"A concepção da comissão é boa e os bailarinos estavam muito bem ensaiados, com a garra e energia necessárias para abrir o carnaval da Mocidade. Mas dentro da escala comparativa com outras escolas, a comissão perde 0,1 apesar da beleza e limpeza dos movimentos."

Marcus Nery M. Vabo - 9,9
Concepção/Indumentária - 5,0               Apresentação/Realização - 4,9
"Apresentação/realização: (-0,1) tempo de exibição muito curto em frente ao módulo de julgamento, deixando, portanto, de apresentar a coreografia proposta em sua integralidade para o evido julgamento picado."

Paulo César Morato - 9,6
Concepção/Indumentária - 4,6               Apresentação/Realização - 5,0
"Renato Vieira apresenta-nos um trabalho c/ uma sobreposição de informações, que acaba embaçando os corpos que dançam e tirando o foco do objetivo de apresentar um espetáculo criativo e de comunicação imediata. Nisso a tradução se perde no gesto e no movimento, a ação ñ avança, descompassos se verificam e o resultado final se revela pouco orgânico e eficiente. 
Espetáculo sem emoção e impacto.
Alegoria ficou um pouco sem função no contexto da apresentação.
Alegoria merecia melhor acabamento plástico."

Raphael David - 9,7
Concepção/Indumentária - 4,8               Apresentação/Realização - 4,9
"Concepção/Indumentária: embora dentro do enredo, o conjunto formado pela comissão de frente e o elemento cenográfico de apoio não surtiu um impacto positivo; no caso das indumentárias, pela opção quase absoluta pela predominância do branco e, no caso do elemento de apoio, porque faltou apuro e cuidado no acabamento dos materiais utilizados (-0,1) um inexplicável cordão (branco) prendia o Portinari velho ao elemento cenográfico, o que produziu uma impressão final desfavorável quanto às formas e elementos de composição do grupo (-0,1).
Apresentação/realização: faltou criatividade à fragmentada e um pouco confusa apresentação do grupo (-0,1)."
Confira como foi a apresentação:



SRZD CARNAVAL - A comissão de frente Rompendo a tela, a liberdade, comandada pelo coreógrafo Renato Vieira, que estreou na agremiação, teve a presença de um grafiteiro, que representou a assinatura do pintor. Renato afirmou ao SRZD que o desfile foi maravilhoso. "Deu tudo certo. Conseguimos passar pelas quatro cabines de jurados com perfeição", disse.

G1 - A comissão de frente inovou ao levar para a avenida um grafiteiro para colocar a assinatura de Portinari em uma tela branca para representar o próprio pintor assinando sua obra na avenida. Cada integrante da comissão representou um traço. O filho de Portinari, João, também foi simbolizado na avenida.



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