terça-feira, 3 de abril de 2012

NOSSA HISTÓRIA - Azul e Branco do Salgueiro 1934

No início de 1934, a escola de samba "Azul e Branco do Salgueiro" foi atingida por uma crise: os sete mil moradores do morro do Salgueiro etavam ameaçados de despejo pela a ação de um italiano chamado emílio Turano, dono de outros morros cariocas, que alegava ter comprado o Salgueiro por 20 contos de réis. A resistência dos salgueirenses foi liderada pelo sambista Antenor Gargalhada, que fez da escola de samba Azul e Branco, naquela oportunidade a primeira associação de moradores de que se tem notícia o Rio de Janeiro. A escola contratou o advogado João Luís Regadas para defender os salgueirenses e, no dia 8 de janeiro, o juiz da Terceira Pretoria Cível, Nélson Hungria, deu ganho de causa ao pessoal do morro. Assim a Azul e Branco  passou a pensar somente no seu desfile de carnaval e no seu enredo "Triunfo ao Samba", que não tinha nada a ver com a luta judicial de que fora vitoriosa.

Confira como foi o desfile da Azul e Branco do Salgueiro para o carnaval de 1934:

"A Escola de Samba Azul e Branco apresenta ao povo carioca o seu modesto cortejo, que obedece ao enredo 'Triunfo do Samba', idealizado pelos srs. Didimo Néri da Cruz e João Guesinho.
Histórico - O Brasil é o único país do mundo onde se compõe e se canta samba. Outrora, o samba era olhado com indiferença pelos próprios maestros, mas passaram-se os tempos. Hoje, o samba é considerado a maior e original música brasileira.
Cortejo - Abre o cortejo do bloco Azul e Branco garrida comissão de frente, composta por oito rapazes trajando terno a rigor.
Primeira parte - Artista caramanchão (1), tendo em cima um monumental globo terrestre cercado de apetrechos das escolas de samba, representando a vitória do samba no mundo. Quatro rapazes sustentam esta alegoria e representam o prestígio, constância, popularidade e glória dos compositores. Outro caramanchão, com a figura do deus Apolo (que acompanha com interesse o triunfo do samba), um grupo de moças trajadas com pijamas de praia representam as moças da alta sociedade que gostam de samba. Sob cada caramanchão vão figuras representando a harmonia, trazendo um violino, e a inspiração, trazendo as claves da música.
Segunda parte - numeroso grupo de moças fantasiadas de baianas representa as moças do morro que gostam de samba. O corpo coral e a bateria representam os rapazes que cultivam o samba nos nossos morros. O sr. Afrânio Cardosos, mestre sala, em companhia da porta -bandeira, srta. Maria Osvaldina, representam os sambistas.
O sr. Antenor de Araújo, primeiro diretor de harmonia, ostentando rica indumentária de princesa, representa o próprio samba."

(1) - Caramanchão = alegorias

FONTE: "Escolas de Samba do Rio de Janeiro" de Sérgio Cabral

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